sábado, 27 de junho de 2009

NATAL - CONTO

NATAL

- Amanhã, há comédias - disse a Mãe velhinha para o irmão de Floriano, que vivia longe e viera consoar com a família. Amanhã há comédias e tu tens de ficar.
- Vamos ver, disse o filho recém-chegado.
As comédias que, no dia seguinte, teriam lugar na Freiria - Jou, na garagem do Floriano, eram uma peça de teatro que o P.Maldonado ensaiara, que metia vinte e uma figuras, e cujo lance dramático exemplar consistia em o Celso de Mascanho puxar presumivelmente de uma pistola para o ladrão do Palhinhas - e encontrar no bolso, em vez do "ferro", um rosário de pau. O que era um milagre da Senhora do Rosário. Estas comédias já tinham corrido outros "povos" de Jou e, nas costas do padre, rosnava-se que os actores diziam todas as vezes a mesma coisa.
- Uns impostores.
Estava-se, pois, em noite de consoada e havia já umas duas ou três horas que Marília servira um prato especial ao maluquinho do Alcino de Toubres, que enlouquecera por umas questões de águas e andava fugido da família, - prato que Alcino comeu sentado nas escaleiras da varanda, com sobriedade, pois naquela noite estava muito escorreito e correcto. (...)
do livro -Modo de Vida - FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

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