Entre a vida e a morte há uma membrana transparente de inamovível e clara fixidez e parece sempre que nos mente o destino que não consente ultrapassá-la mais do que uma vez os de coração puro insaciado que como está escrito verão a Deus mais cedo os que em cada pecado precederam o aviso e o grito da solidão e do medo os que na noite da angústia por nós viveram toda a alegria que se pode ter os que provaram que mais vale a vida que os deuses que a criaram são esses os que a morte prefere e os teus filhinhos a cantar dizem que adormeceste mal chegaste e que é preciso não te despertar.
Do gosto do teu corpo me ficou na boca o sabor dos frutos por amadurecer ágeis se dobraram nos dedos os mil e um segredos de os colher do som da tua voz me ficou nos ouvidos uma breve melodia interrompida pelo ritmo monótono da vida imposto ao sobressalto dos sentidos da imagem do teu rosto me ficou no olhar a forma perfeita do teu nome cova na areia onde cabe o mar inacabado pão da minha fome.
A TARTARUGA é um projecto cultural e humanista, divulga e enobrece a língua e a cultura portuguesas.
Para Platão, a inspiração poética está ligada ao entusiasmo e à posse do sentido do divino.
Para Aristóteles, a poesia, qualquer que seja o seu objecto, heróica ou satírica, e a sua forma, dramática, lírica ou épica pertence às artes de imitação. Enraizada na natureza, a poesia é o lugar de uma verdade mais filosófica e universal do que a simples exactidão histórica.
Porque a história da nossa literatura o impõe e o seu objectivo final é levar aos leitores o registo escrito do pensamento e criatividade que brotam de fontes inesgotáveis aqui estamos, cada vez mais, mostrando a nossa língua no seu melhor e demonstrando que é uma língua viva comunicante, bela e com uma identidade inquestionável.
A essência da escrita é deliciar os leitores e os autores depois da execução lírica, captando cada instante com emoções e atraídos pela maravilhosa interpretação de palavras e imagens representadas e delineadas em cada página do livro.