quarta-feira, 23 de março de 2011

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES - SER E LER MIGUEL TORGA

domingo, 13 de março de 2011

TARTARUGA - EDITORA


Logotipo - ESPIGA PINTO

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

vê só os
nardos secaram e
pouco choveu no
tenebroso mar se separaram os
nossos barcos e
havia luar anoitecia quando
partimos e
havia sol

levou o vento norte para as dunas os
aromas dos nardos dos lírios e
dos ciprestes sílaba por
sílaba o
teu nome

acenderam-se as luzes da cidade um
comboio parte para
sempre de um cais de pedra e água verde e
eu regresso

Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES - Livro JÚBILO DA SEIVA

segunda-feira, 7 de março de 2011

DIANA ADAMEK

O fim é o início do romance O Ano da Morte de Ricardo Reis: a personagem aporta ao sítio onde o mar acaba e a terra principia. Mas o movimento convoca uma segunda cena, porque há mais um gesto neste passo, desencadeado pela construção da imagem no molde inverso, sobre o negativo, do célebre verso de Camões: "Onde a terra se acaba e o mar começa".
Duas pontes misturam as suas sombras na mesma impossível arfadura, de fervor e naufrágio, que toda a paisagem respira. A personagem de José Saramago erra o caminho desde o primeiro passo, favorecendo os cenários secundários e os mecanismos de transtorno, a ambiguidade e as revoltas duma mente prestes a cada momento a fazer batota. Esse não sou eu e não a memória, mas o esquecimento perfaz a textura da pessoa e igualmente da sombra. O espectáculo governado pelo heterónimo de Fernando Pessoa é, evidentemente, um dos múltiplos, das imagens dissipadas ou prolongadas em halos, dos caminhos que se cumprem por fracturas, derrapagens, atrasos. Não é por acaso que o herói leva consigo um volume de The God of the Labirinth, livro emprestado, no vapor, mas que Ricardo Reis se esquece de devolver, prolongando, assim, o ondular enganador do mar. (. . .)
Autora - DIANA ADAMEK
Título - MELANCOLIAS PORTUGUESAS
Tradução - TANTY UNGUREANU
Capa - ESPIGA PINTO