desenho de ESPIGA PINTO
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
STABAT MATER I I
Um dia deixaste de poisar os olhos sobre os objectos
próximos e demorava-los nos cantos altos e nas junturas
do telhado.
os teus gestos de levar o lenço às pálpebras esvaziavam-se
da consciência do momento em que o xaile negro te caía
de um ombro e ias mergulhar-te na escuridão do quarto.
nas rugas da tua boca desenhava-se para sempre a atitude
de presenciar aquela hora em que se cumpriu a tua solidão.
um dia deixaste de ir e vir da cozinha para o quarto dele
com esse andar pesado e atento de quem conhecia cada tábua
do soalho e a calacava com pressão diferente.
olhavas a figueira do pátio que secara sem explicação.
um dia desceste os quatro degraus da varanda
antiga e foste chorar voltada para a parede branca.
rio de silêncio sem margens sem origem.
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES - do livro Memória Imperfeita
Um dia deixaste de poisar os olhos sobre os objectos
próximos e demorava-los nos cantos altos e nas junturas
do telhado.
os teus gestos de levar o lenço às pálpebras esvaziavam-se
da consciência do momento em que o xaile negro te caía
de um ombro e ias mergulhar-te na escuridão do quarto.
nas rugas da tua boca desenhava-se para sempre a atitude
de presenciar aquela hora em que se cumpriu a tua solidão.
um dia deixaste de ir e vir da cozinha para o quarto dele
com esse andar pesado e atento de quem conhecia cada tábua
do soalho e a calacava com pressão diferente.
olhavas a figueira do pátio que secara sem explicação.
um dia desceste os quatro degraus da varanda
antiga e foste chorar voltada para a parede branca.
rio de silêncio sem margens sem origem.
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES - do livro Memória Imperfeita
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
JOAQUIM DE BARROS FERREIRA
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
domingo, 20 de dezembro de 2009
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
STABAT MATER
Um dia (talvez um dia só) eu fui menino
era de tarde e havia sol (há sempre sol na
memória de ver-te a cada instante
vigilante aos
prodígios do meu próprio destino)
e eu joguei no Largo à minha idade
aos arcos e aos piões aos
polícias e ladrões e
à pura liberdade
e não voltei ao Largo hoje
resta a árvore bravia que me fiz
o caule que construiu a sua história
mudando a tua memória no
ar que respira e na raiz.
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES - Livro Memória Imperfeita
Um dia (talvez um dia só) eu fui menino
era de tarde e havia sol (há sempre sol na
memória de ver-te a cada instante
vigilante aos
prodígios do meu próprio destino)
e eu joguei no Largo à minha idade
aos arcos e aos piões aos
polícias e ladrões e
à pura liberdade
e não voltei ao Largo hoje
resta a árvore bravia que me fiz
o caule que construiu a sua história
mudando a tua memória no
ar que respira e na raiz.
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES - Livro Memória Imperfeita
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
domingo, 13 de dezembro de 2009
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
EM NOME DA CLARIDADE
Em nome da claridade da água dos
limos e dos cabelos
entre a casca e o caule entre a
sombra e a areia
deslizam os dedos sobre a pele pétala a
pétala revelada
em nome dos olhos e das rosas
no sangue se dissolve o sal
vestidos de sol os
troncos e as folhas
em nome do primeiro beijo se acende a
cor da relva e
entornam os corpos as
lágrimas e o fogo.
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Em nome da claridade da água dos
limos e dos cabelos
entre a casca e o caule entre a
sombra e a areia
deslizam os dedos sobre a pele pétala a
pétala revelada
em nome dos olhos e das rosas
no sangue se dissolve o sal
vestidos de sol os
troncos e as folhas
em nome do primeiro beijo se acende a
cor da relva e
entornam os corpos as
lágrimas e o fogo.
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
talvez no instante claro em que o meu corpo no
teu corpo cortava a
ondulação litoral do teu colo este
naufrágio tenha
diluído o teu líquido olhar na espuma e
nas areias
vinha do sul com o motim dos
dedos o fogo que o suor não
apagava em
aroma desfeitos e em
saliva na
nossa pele deslizavam as palavras até ao
voo rouco da
tua respiração tranquila
era o tempo do júbilo da seiva que
subia do meu ao teu olhar sereno quando a
minha boca nos teus seios duros sentia que o
teu púbis cheirava a musgo e feno e sabia a
damascos maduros
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES - Livro JÚBILO DA SEIVA
teu corpo cortava a
ondulação litoral do teu colo este
naufrágio tenha
diluído o teu líquido olhar na espuma e
nas areias
vinha do sul com o motim dos
dedos o fogo que o suor não
apagava em
aroma desfeitos e em
saliva na
nossa pele deslizavam as palavras até ao
voo rouco da
tua respiração tranquila
era o tempo do júbilo da seiva que
subia do meu ao teu olhar sereno quando a
minha boca nos teus seios duros sentia que o
teu púbis cheirava a musgo e feno e sabia a
damascos maduros
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES - Livro JÚBILO DA SEIVA
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
sábado, 5 de dezembro de 2009
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Do gosto do teu corpo me ficou na boca o
sabor dos frutos por amadurecer
ágeis se dobraram nos dedos os
mil e um segredos
de os colher
do som da tua voz me ficou nos ouvidos uma
breve melodia interrompida pelo
ritmo monótono da vida
imposto ao sobressalto dos sentidos
da imagem do teu rosto me ficou no olhar
a forma perfeita do teu nome
cova na areia onde cabe o mar
inacabado pão da minha fome.
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
sabor dos frutos por amadurecer
ágeis se dobraram nos dedos os
mil e um segredos
de os colher
do som da tua voz me ficou nos ouvidos uma
breve melodia interrompida pelo
ritmo monótono da vida
imposto ao sobressalto dos sentidos
da imagem do teu rosto me ficou no olhar
a forma perfeita do teu nome
cova na areia onde cabe o mar
inacabado pão da minha fome.
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
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