segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Um Sorriso para ANTÓNIO TELMO






Espiga Pinto e Manuela Morais, sua mulher (de março de 2000 a 1 de outubro de 2014)



Um sorriso para ANTÓNIO TELMO


"A amizade é uma alma que habita em dois corpos,
um coração que habita em duas almas."
Aristóteles

"Quando a minha voz se calar com a morte
meu coração continuará te falando."
Rabindranath Tagore




           Estamos no amanhecer de uma nova era na história da humanidade, o grande momento da expansão da espiritualidade. Um enorme despertar da humanidade para a força divina, para os Céus.
Encontrava o António Telmo assiduamente, em Vila Viçosa, quando eu corria apressadamente para os correios, ao fim da tarde.
Sorríamos, eu esperava que terminasse de comer a empada de galinha, e falávamos de livros, da Maria Antónia, da Anahí e, claro, do trabalho de meu Marido, o Espiga Pinto. Dizia-lhe, com humor, que o fechava à chave no atelier para trabalhar, como a mulher do Vermeer, o pintor do belíssimo retrato "Rapariga com  Brinco de Pérola".
Um dia contei-lhe que não podia entrar no atelier, porque o Espiga estava lá fechado com sete belas raparigas. António Telmo perguntou, com graça, se eu não sentia ciúmes. Claro que não, respondi pausadamente.
Inteligente como era percebeu imediatamente do que se tratava. Então, mais para o fim da conversa, perguntou quando e onde era a próxima Exposição, pois queria ver as tais raparigas.
Fomos visitá-lo várias vezes a sua casa, em Estremoz. Não medíamos o tempo e era sempre com saudade que o deixávamos.
As nossas conversas, entre mim e o Espiga, não tinham fim.
Saíamos de casa de António Telmo carregados de informação sobre livros importantes, a não perder. Às vezes, no dia seguinte, rumávamos a Badajoz à livraria a procurar essas preciosidades.
António Telmo marcava profundamente quem se cruzasse com ele. A sua calma transmitia uma energia extraordinária. Até a laranjeira próxima da porta de sua casa era muito maior e mais frondosa que as suas vizinhas.
António Telmo sabia escutar atentamente. Os nossos encontros eram um aprendizado contínuo, tinha a capacidade de tornar  o complexo muito acessível. Era um Mestre em todas as circunstâncias, mesmo nos silêncios.
Como editora do seu livro "Contos Secretos" tive, sem dúvida, uma venturosa e iluminada experiência. O Espiga arregaçou as mangas para realizar o excelente trabalho dos desenhos para o seu belíssimo livro e vivemos a suprema harmonia dessa manifestação de força que transcende a compreensão humana.
António Telmo foi um exímio estudioso do significado e simbolismo do número 9 que representa o círculo místico perfeito. Pertenceu à mais antiga associação de homens do mundo. A continuidade não é concebível sem a Tradição e é ela que permite preservar a sua identidade. Era um Ser que habitava um lugar elevado, guiando os nossos passos e elevando os nossos espíritos a vibrações intensas, fazendo a ligação entre o Espírito e os lugares Sagrados. O seu Espírito era radiante e luminoso, caminhando na Ordem dos Grandes Mestres do Esoterismo. Toda a sua atitude era de um autêntico filósofo com lugar destacado na Filosofia Portuguesa, na Filosofia e Tradição, grande pensador, escritor, professor. Um Taurino com vontade firme, constância, persistência, determinado e contemplativo.
A sua Obra é notável. Pessoalmente, sinto-me mais próxima de "História Secreta de Portugal", "Viagem a Granada", "Filosofia e Kabbalah" e "Desembarque dos Maniqueus na Ilha de Camões".
António Telmo ingressou no mundo espiritual, o mundo da realidade suprema e comunhão, em perfeita harmonia com o espírito do universo, permeado pelas poderosas vibrações com os princípios divinos da criação, pelas vibrações da luz. É um verdadeiro filho de Deus com um brilho intenso, misterioso e maravilhoso, - está no plano astral. Estamos no alvorecer da civilização espiritual, na era da reconstrução, do dia, da luz resplandecente e divina, da civilização paradisíaca. A luz do sol é a luz verdadeira que brilha no céu, elevando o nosso nível espiritual. A nossa felicidade será indestrutível. Obrigada, António Telmo, por me ter permitido privar consigo e com a sua Família.
(. . .)


Manuela Morais




Texto Integral publicado em: Vida e Obra de António Telmo




 

 

domingo, 13 de setembro de 2015

ANTÓNIO CABRAL







AO TERCEIRO DIA, HOJE




AO TERCEIRO DIA
                           chegaram os anjos a Stonehenge,
solícitos,
assistiram alvamente à primeira incineração
e cresceram com as pedras.


As codornizes ainda não tinham aquele modo
de voar. Voaram
rente aos fenos. Quem as via
ia com elas no rasto das cabras trepadeiras
destinadas ao sacrifício.


É necessário algum tempo
até nos habituarmos à presença dos anjos.


Os homens assemelham-se às mulheres
e as mulheres assemelham-se aos homens,
quando
nas noites de Inverno uivam com os lobos.
Vinham então os raios de sol
que, ao embaterem fragarosamente contra um lugar
frio,
se corporizavam, tornando-se uns violoncelos
cortantes e outros sorrisos
que ondulavam nas searas,
as quais muito lhes valeram
contra os inimigos.


A lua continuava a ouvir-se no círculo dos lintéis.




ANTÓNIO CABRAL
 A TENTAÇÃO DE SANTO ANTÃO

PRÉMIO NACIONAL DE POESIA
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

Capa - ESPIGA PINTO




sexta-feira, 4 de setembro de 2015

NUNO DE FIGUEIREDO





NUNO DE FIGUEIREDO
CREPÚSCULO

PRÉMIO NACIONAL DE POESIA
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES