segunda-feira, 1 de junho de 2009

O TEMPO DAS ROMÃS

Momento a
momento abro a cor do teu corpo
braços e cabelos conduzem lentamente as chamas da
ferida do fogo arrebatado
grão a
grão se forma a nossa fome do
sal do suor não saciada

que fluxo de espuma nos dedos entornada te
deixa no sangue a quilha que o divide

seguirei sempre o norte do teu corpo que
do deserto venho perseguindo a
tua boca

de repente a espuma nos absorve e a
quilha a curva do teu corpo abre no
sobressalto azul da água apreendida falo dos
teus olhos

momento a
momento retrocedem no fogo os
teus cabelos ao vento

grão a
grão comeremos a romã eu
da tua e tu da minha mão.

(do livro) OBRA POÉTICA / ANTOLOGIA - Fernão de Magalhães Gonçalves

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