sábado, 30 de março de 2013

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES



SEXTA - FEIRA SANTA


As trevas caíram sobre a tarde meu amor
ensopados pelo sangue dos espinhos
os meus olhos procuraram sobre os montes
o perfil parado dos pinhais

dobrada sobre a terra
tu eras a torrente dos nossos serenos dias
estavas como uma rola abatida e eu cuspia ao ar
o vinagre e o fel que tu bebias

secaste as lágrimas no véu que ocultava a vergonha
do meu corpo
seguiste com o olhar o grito
e o eco do meu grito
a terra tremeu debaixo dos teus pés e fixaste
nos meus olhos empedrados
a noite que já mais uniria os nossos gestos.


FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Livro - ANDAMENTO

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES




mesmo perdida cada
aposta em ti
renova em si o
sentido único da vida


FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Livro - JÚBILO DA SEIVA

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

 
 
SER E LER MIGUEL TORGA
(ensaio)
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

quarta-feira, 27 de março de 2013

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

 
 
ALGUMAS CARTAS
(correspondência)
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

 
 
ALGUMAS CARTAS
(correspondência)
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

 
 
ASSINALADOS
(narrativa)
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

 

SETE MEDITAÇÕES SOBRE MIGUEL TORGA
(ensaio)
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

terça-feira, 26 de março de 2013

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

 
MODO DE VIDA
(contos)
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

segunda-feira, 25 de março de 2013

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

SER TORGA
(ensaio)
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

sexta-feira, 22 de março de 2013

JORGE LUÍS BORGES



Sempre imaginei que o Paraíso
seria uma boa biblioteca.
 
JORGE LUÍS BORGES

segunda-feira, 18 de março de 2013

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES



hoje nada te prometo

neste poema concreto vai
apenas um beijo o
desejo de
contigo correr entre os silvedos
colher amoras contar
com os dedos pelos
grãos de areia os anos a que faltam horas

horas guardadas nestas
conchas dobradas flores das
areias que
tens nas mãos cheias
fechadas

Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Livro - OBRA POÉTICA / ANTOLOGIA

domingo, 17 de março de 2013

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

OBRA POÉTICA / ANTOLOGIA
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

sexta-feira, 15 de março de 2013

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES



ficou um poema no teu rosto a
mão cheia de amoras amêndoas e
morangos no teu colo dobrado cinco
dedos da mão cinco
sílabas do poema inacabado

veste a memória de luz os
nossos corpos nus e na
água nocturna do teu nome dilui o
desejo a cor do lume

ficou um poema no teu rosto que
eu não lerei mais não
voltará a roseira do
teu corpo a dar
rosas iguais

Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Livro - JÚBILO DA SEIVA

quinta-feira, 14 de março de 2013

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

JÚBILO DA SEIVA
(Poesia)
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

terça-feira, 12 de março de 2013

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES



QUINZE  DIAS  DEPOIS
 
(para a Nela)

no entanto os rios continuaram
braços azuis cheios de horas redondas e de argolas.

a barba dos homens continuou crescendo
durante a noite ela cresce por debaixo da luz
entre as unhas e a lua.

ah minha companheira a brecha no muro a
boca redonda por onde se ouvem os
insectos cantando nos relógios. o
mesmo vento suão de sempre. a janela vazia. a
cinza acumulada sobre os horizontes.

era morte a palavra. frio. nunca
mais a última palavra.
no entanto os rios continuaram
bebendo os pássaros os ramos dos negrilhos.

era morte a palavra.
o medo a sua estrada. os rios continuaram
por onde ela não passa.

Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Livro - ANDAMENTO

segunda-feira, 11 de março de 2013

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

ANDAMENTO
(Poesia)
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

domingo, 10 de março de 2013

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES



Do gosto do teu corpo me ficou na boca o
sabor dos frutos por amadurecer
ágeis se dobraram nos dedos os
mil e um segredos
de os colher

do som da tua voz me ficou nos ouvidos uma
breve melodia interrompida pelo
ritmo monótono da vida
imposto ao sobressalto dos sentidos

da imagem do teu rosto me ficou no olhar
a forma perfeita do teu nome
cova na areia onde cabe o mar
inacabado pão da minha fome.

Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Livro - MEMÓRIA IMPERFEITA

sexta-feira, 8 de março de 2013

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

MEMÓRIA IMPERFEITA
Poesia
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

segunda-feira, 4 de março de 2013

SANTO AGOSTINHO

Quando rezamos falamos com Deus,
mas quando lemos é Deus que fala connosco.
 
SANTO AGOSTINHO

sexta-feira, 1 de março de 2013

ANTÓNIO CABRAL

OUTRA  VEZ  A  LUZ

O poeta fumava distraidamente a manhã
de Outubro,
quando foi acordado por um cavalheiro de branco
parecido com o papa.
E estranhou que lhe fizesse a mesma pergunta
dos outros.

No Algarve um gentleman suicida-se, longe da cozinha,
por causa do perfume;
contam o mar pelos dedos, parecidos com golfinhos,
as raparigas nórdicas em Tróia.

O meu interlocutor tem um cheque nos óculos
e pergunta-me pela Quinta do Senhor Smith.
A vastidão palpita. Perdi os olhos.
Aconselho-o a apreciar o rumor dos golfinhos de pedra,
cozinheiros da luz.

ANTOLOGIA DOS POEMAS DURIENSES
ANTÓNIO CABRAL