sábado, 30 de novembro de 2019

Fernão de Magalhães Gonçalves







demasiado tarde meu amor agora só
nos resta contemplar este poente que se
nos põe nos olhos e os
devora


e de braços cruzados o
coração aberto a alma nua eco a
eco nos
meus passos contados se
acaba a nossa história ao fim da rua


Poema de Fernão de Magalhães Gonçalves
Antologia Poética, pág. 17
Pinturas e Capa de Tiago Manuel



quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Fernão de Magalhães Gonçalves




hoje nada te prometo

neste poema concreto vai
apenas um beijo o
desejo de
contigo correr entre os silvedos
colher amoras contar
com os dedos pelos
grãos de areia os anos a que faltam horas

horas guardadas nestas
conchas dobradas flores das
areias que
tens nas mãos cheias
fechadas

Poema de Fernão de Magalhães Gonçalves
Livro - Júbilo da Seiva
Pintura da Capa de Espírito Santo Esteves




quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Fernão de Magalhães Gonçalves




Capa e contracapa do livro ALGUMAS CARTAS



terça-feira, 19 de novembro de 2019

Fernão de Magalhães Gonçalves




O MODO DE VIDA


     E, no dia quatro de Agosto daquele ano, dois guardas desmontaram de duas bicicletas e apresentaram-se na taberna de Urbano mostrando-lhe um mandato de captura passado para Alfredo Augusto, filho de pai incógnito e de Maria da Silva, natural da freguesia de Santo André de Jou onde nascera havia 40 anos, e evadido da cadeia de Lamego em circunstâncias criminosas.
     - Quer-se dizer, disse o Cabo da Guarda acomodando as espingardas na parte interior do balcão, o gajo deitou fogo à cadeia, pôs-se em fuga…

Texto de Fernão de Magalhães Gonçalves
Livro - Modo de Vida, página 11




domingo, 17 de novembro de 2019

Fernão de Magalhães Gonçalves







AMORÍMETRO


E agora encontro na minha a tua mão no
teu pulso passa um rio barcos ancorados
troncos na torrente e
notas de flauta a montante


tomo-te o pulso conto os impulsos da água
entre ramos de salgueiros cabelos verdes
correm os teus olhos pelos meus
palavra a palavra diluídos


estão certos os pés de violeta e os
fios de relva nas margens
tudo esmorece na pele da água
um rio azul no mapa do reu pulso


demoro a tua saliva na minha boca
pára passando o tempo folha verde no tempo
ou pássaro fugindo das nossas mãos abrindo-se
agora neste momento.


Poema de Fernão de Magalhães Gonçalves
Livro - Andamento, página 9
Capa de Nadir Afonso