domingo, 5 de maio de 2024

Poema STABAT MATER, de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

 


STABAT MATER


Um dia (talvez um dia só) eu fui menino

era de tarde e havia sol (há sempre sol na

memória de ver-te a cada instante

vigilante aos

prodígios do meu próprio destino)


e eu joguei no Largo à minha idade

aos arcos e aos piões aos

polícias e ladrões e

à pura liberdade


e não voltei ao Largo hoje

resta a árvore bravia que me fiz

o caule que construiu a sua história

mudando a tua memória no

ar que respira e na raiz.


Poema de Fernão de Magalhães Gonçalves

Livro - Memória Imperfeita, página 77



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