sexta-feira, 13 de novembro de 2009

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

O FIM DAS PALAVRAS

Foi num dia concreto como grãos de trigo que
tu chegaste ao fim das palavras e
partiste
eu era os rochedos em que as ondas vinham desfezer-se
tu o barco que navegava na planície azul

alguém havia um dia de dizer como
dois seres inventam o silêncio e o habitam nesse
preciso lugar onde as palavras nada significam e
é inútil falar de amor ou de amargura

nem adeus nos dissemos de nada valeria
no cais de qualquer vida se desprendem os
sentimentos de seus nomes

anónimos e livres seguimos cada
qual por seu caminho até as próprias pedras
palpitavam de medo e de suspeita

alguém havia um dia de dizer como
dois seres se introduzem na pura solidão
cercados de vazias palavras arbitrárias e do
bater pontual do coração.

Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

1 comentário:

  1. Paz

    Há viagens em que até as palavras balbuciadas são inúteis:
    No fluir intenso de correntes doces entre mentes
    Fundem-se corpos abraçados num só bater de corações
    A palpitar juntos no voar do sonhar até ao infinito,
    Seguindo a Luz das estrelas flamejantes distantes,
    Sem palavras ocas a macular a Paz no silêncio puro.

    Évora, 2009-11-17

    J. Rodrigues Dias

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