segunda-feira, 9 de julho de 2018

Fernão de Magalhães Gonçalves








QUINZE DIAS DEPOIS




                   (para a Nela)




no entanto os rios continuaram
braços azuis cheios de horas redondas e de argolas.


a barba dos homens continuou crescendo
durante a noite ela cresce por debaixo da luz
entre as unhas e a lua.


ah minha companheira a brecha no muro a
boca redonda por onde se ouvem os
insectos cantando nos relógios. o
mesmo vento suão de sempre. a janela vazia. a
cinza acumulada sobre os horizontes.


era morte a palavra. frio. nunca
mais a última palavra.
no entanto os rios continuaram
bebendo os pássaros os ramos dos negrilhos.


era morte a palavra.
o medo a sua estrada. os rios continuaram
por onde ela não passa.


Poema de Fernão de Magalhães Gonçalves
Livro - Andamento, pág. 34
Capa de Nadir Afonso





Sem comentários:

Enviar um comentário