terça-feira, 25 de abril de 2017

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES




A TURISTA DE ABRIL

Era ela.

ia em camisa descalça
e ninguém mais a sentiu.
não olhava
nem levava nada
era ela
partiu de madrugada.

andou por aí estes dias
cabisbaixa e calada.
trazia
pão num saco
e pedia
cenouras e laranjas no mercado.
como tinha um buraco no vestido e
não se penteava diziam
que era turista
ou artista do Reino Unido
não sabiam.

tinha na boca o lume inumerável de uma papoula
da Turquia ou da Tailândia
e nos dentes toda a neve da Sibéria ou da Finlândia.
ao pisar era crioula
e no bronze dos ombros
menina
latina
ou africana.
flor de tremoço da Califórnia seus olhos de Hera
e a cigana
de Granada
ali à espera
ao ler-lhe a sina
não leu nada.

andava meio nua
deu aos ombros ao polícia
que nem lhe arrancou o nome.
- "deitas as cascas na rua
vai à merda"
disse o guarda
"mata a fome
mas não sujes a cidade
a multa são dois mil paus
que puta de liberdade".

era ela.

dormia nos 
degraus das primeiras escadas que
alguém lhe consentia.

era ela.

- "já foi à fava"
disse o guarda que a via
da janela
para os botões da farda.


Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Livro - MEMÓRIA IMPERFEITA


João Barroso da Fonte

11:18 (há 6 horas)
para mim
Drª Manuela Morais: agradeço-lhe muito que me tenha enviado este poema do Saudoso e eloquente Poeta Transmontano que foi Fernão de Magalhães Gonçalves. Já o tinha lido, embora eu tenha grandes mágoas quanto a essa data. Ainda hoje acabo de ouvir uma tal Apolónia na AR a proferir um chorrilho de insultos à minha geração e da geração do grande Fernão de Magalhães Gonçalves. Este poema é bâlsamo cirúrgico para neutralizar essas vozes dissonantes. Espero que hoje seja mais um passo seu para o grande momento da sua felicidade. Um grato abraço do B. da Fonte


Jorge Lage

12:20 (há 5 horas)
para mim

Olá Manuela!
Muito bonita e ao mesmo tempo fez-me recordar um grande dos nossos.

Foi convidada para participar numa antologia de autores trasmontanos ou oriundos de Trás-os-Montes?
Se não foi, diga-me para eu dar o seu contacto a quem está a coordenar a publicação.
Abraço amigo, desde Edmonton - Canadá,


Jorge Lage

Júlia Reis Serra

17:10 (Há 18 minutos)
para mim
Olá, amiga!
Lindo poema e adaptado à realidade. Afinal, a escrita não deixa morrer o poeta.
Felizes os que contemplam à distância estes artistas imortais!
Um beijinho.



Valentina Barbosa

17:18 (Há 12 minutos)
para mim
muito  bonito. ..como todos dele.beijinhos Manela

Rubén Brenes

17:49 (Há 21 minutos)
para mim
Muchísimas gracias. Se lo haré llegar a Dolores y Antonio.

Saludos cordiales,
Rubén Brenes
[E-Learning·Innovación Educativa]


Jorge Golias

18:11 (Há 2 minutos)
para mim
Um belo poema para celebrar este belo dia!
Grato pela partilha.
JG


Manuel Alves

19:33 (Há 25 minutos)
para mim
Manuela
             obrigado pela oportuna lembrança. Poema forte, incisivo, cáustico, bem ao gosto do Fernão.
             Bj da Fátima e meu.


Nuno Figueiredo

20:07 (Há 43 minutos)
para mim
Obrigado, querida amiga!
Tenha um bom dia da liberdade!

beijinhos nossos,
jú e nuno

Emerenciano Rodrigues

22:58 (Há 16 minutos)
para mim
Viva, Manuela

Agradou-me o poema do Fernão. Entretanto, porque não respondi ainda, temos sim, o livro Cântico ao AMOR, e com dedicatória da autora. Foi a própria que nos ofereceu em 2015.


Um abraço



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