segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

BARROSO DA FONTE




Imagem da Capa - NADIR AFONSO



2 comentários:

  1. PAUSA AO ENTARDECER

    Embarco na madrugada
    de um dia sem nome no calendário.

    Sigo sem rumo
    pelo mar de todos os viandantes.

    Não tenho horário
    nem fio de prumo.

    Sombrio
    apenas me guio
    pelo rasto dos outros navegantes.

    É frágil a minha embarcação
    que pode tombar
    a cada instante,
    se a ventania vier
    no alto-mar.

    Nem colete de salvação
    levo comigo
    nesta viagem incerta em que o perigo
    me aperta
    e me arrepia.

    Posso naufragar em cada dia
    desta viagem em que me vou,
    triste como sou,
    cumprindo o meu destino.

    Solitário
    e franzino,
    aqui estou,
    nesta pausa ao entardecer,
    pronto a rever
    o fadário
    que em sorte me calhou.

    E enquanto Deus quiser
    assim me vou.

    (23 de Abril de 1990)

    In Poesia, Amoras e Presunto

    Barroso da Fonte

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  2. À Minha Terra

    Barroso, minha terra, meu amor
    e vida de pesar sempre constante,
    para ti ergo hoje, tão distante,
    a minha voz, magoada pela dor.

    Vencido no lutar do desamor,
    Eu mesmo fui de mim beligerante;
    e cá estou, desterrado,a cada instante,
    chorando-te e chorando o meu pendor.

    Ébrio de enganos, vivo as minhas horas,
    na esperança, plangente das auroras,
    sócias minhas, na dor do meu desterro.

    Mas descansa que no auge desta guerra,
    hei-de noivar contigo, ó minha Terra,
    na catedral sombria do meu erro.

    (Vila Real, Fevereiro d 1961)

    In Poesia, Amoras & Presunto

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