sexta-feira, 12 de março de 2010

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

AD ACQUAS FLAVIAS

cidade
da velha torre e dos telhados em sangue na
veiga lisa entre os choupos e
a planície verde da Galiza
com a sombra e o silêncio entre a cale das vielas
e o granito das ameias e das igrejas
com o sol continental nos toirais de areia
e as chaminés das fábricas a prumo

cidade
do teu rosto largo e de bronze e
da estátua de sal da minha mocidade

cidade
cor da terra queimada barro e musgo
das mansardas de zinco almagre
e dos pasmados anjos dos frontões
tumor telúrico de linfa celta e latina
na hora da tarde quando os almocreves
trazem dos fojos da montanha
os seus burros e os seus blusões de bombazina

cidade
da minha mocidade entre o
rio claro
os almocreves os ciganos
as chaminés das fábricas a prumo e os
cinzentos pináculos romanos

Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES - Livro ANDAMENTO

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