quarta-feira, 30 de abril de 2025
segunda-feira, 28 de abril de 2025
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
X
ficou um poema no teu rosto a
mão cheia de amoras amêndoas e
morangos no teu colo dobrado cinco
pétalas de malmequer no chão cinco
dedos da mão cinco
sílabas do poema inacabado
veste a memória de luz os
nossos corpos nus e na
água nocturna do teu nome dilui o
desejo a cor do lume
ficou um poema no teu rosto que
eu não lerei mais não
voltará a roseira do
teu corpo a dar
rosas iguais
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Livro - JÚBILO DA SEIVA, pág. 25
domingo, 27 de abril de 2025
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
chegaste enfim ao cais deste poema e a
evidência é tamanha como a
alegria que serve de tema à
música dos versos que a acompanha
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Livro - Memória Imperfeita, pág. 22
sexta-feira, 25 de abril de 2025
terça-feira, 22 de abril de 2025
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
NOME DO MEU NOME
Nome do meu nome
rouca bainha de não sei que grito
puro atrito
dos teus dedos abrindo as minha mãos
não sei se neste vazio de formas e de sons
um pássaro nasceu
ou o tempo roeu
seus ramos e pulmões
breve movimento
de cabelos
parado perfil de seios e joelhos
onde se quebra a luz deste momento.
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Livro - ANDAMENTO, página 14
Capa de NADIR AFONSO
sábado, 19 de abril de 2025
sexta-feira, 18 de abril de 2025
SEXTA-FEIRA SANTA, Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES.
SEXTA- FEIRA SANTA
As trevas caíram sobre a tarde meu amor
ensopados pelo sangue dos espinhos
os meus olhos procuraram sobre os montes
o perfil parado dos pinhais
dobrada sobre a terra
tu eras a torrente dos nossos serenos dias
estavas como uma rola abatida e eu cuspia ao ar
o vinagre e o fel que tu bebias
secaste as lágrimas no véu que ocultava a vergonha
do meu corpo
seguiste com o olhar o grito
e o eco do meu grito
a terra tremeu debaixo dos teus pés e fixaste
nos meus olhos empedrados
a noite que já mais uniria os nossos gestos.
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Livro -ANDAMENTO, página 15
Capa de NADIR AFONSO
quinta-feira, 17 de abril de 2025
terça-feira, 15 de abril de 2025
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
OS DENTES DO LEITE
Quem matou Jesus Cristo? E a terra
abriu-se
redonda e repetida
o véu do templo rasgou-se-me nos olhos e
cá dentro a infância
dividiu-se
quem matou Jesus Cristo? Perguntava o
reitor de mão esticada e
estalada
nas ventas de quem tivesse a fé mal informada
contra mim te escrevo e sobre mim
ao compasso do meu sangue e
à luz da
tua lâmpada de azeite que
me abriu o teu nome e os meus pecados na
letra de cem catecismos rasgados
com os dentes do leite.
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Livro - Memória Imperfeita, pág. 75