domingo, 16 de novembro de 2025

BIOGRAFIA . FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES, de MANUELA MORAIS.

 


Crítica Literária da DRA. JÚLIA SERRA sobre a BIOGRAFIA . FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES, de MANUELA MORAIS

 


Biografia 

Fernão de Magalhães Gonçalves 

Este livro é um verdadeiro poema de Amor que narra a história de uma vida desaparecida prematuramente, com a idade de 45 anos, longe da Pátria, ao seu serviço, na divulgação da Língua Portuguesa. Estava Fernão Magalhães Gonçalves, na Coreia do Sul a ensinar Português e a preparar os festejos para a comemoração do Dia “10 de Junho” Dia de Portugal e das comunidades portuguesas, quando foi surpreendido pela morte: “No dia oito de Junho de mil novecentos e oitenta e oito os sonhos finalizaram quando o seu olhar sorriu para o meu olhar… “. Este jogo do olhar “seu “e “meu” revela a intimidade existente entre a autora desta obra; Manuela Maria, e o seu esposo Fernão, assinalando, na expressividade do olhar, a despedida dos amantes.  

             A notícia da morte do seu conterrâneo e amigo foi sentidamente evocada pelo Poeta Miguel Torga, no Diário XV: ”Coimbra, 13 de Junho de 1988 – o telefone tocou, e mal eu imaginava que era um dobre a finados.(…) E levaram-no na flor dos anos, ou para confirmarem o aforismo de Plauto, porque o amavam, ou cruelmente para desmerecerem as leis do afecto e tornarem mais absurdo o absurdo” Ainda, no dia seguinte, o poeta não assimilara a “partida” do amigo e escreveu: “Jou, Murça, 14 de Junho de 1988 –  É terrível, a morte. Tira sentido às palavras, aos gestos, às lágrimas, ao silêncio. Deixa a vida sem expressão. (Miguel Torga, Diário XV, pág. 118.).

O livro relata, em pormenor, a vida inteira do escritor, poeta e professor Fernão de Magalhães Gonçalves, num crescendo de emotividade e de saudade daquela que “ficou cá na terra” velando pelo amor vivido a dois e recordando as lembranças do passado, à semelhança do soneto de Camões: “ Alma minha gentil, que te partiste/ tão cedo desta vida descontente/ Repousa  lá no Céu eternamente/E viva eu cá na terra sempre triste”.

 No Prelúdio da obra, a autora explica, nos seguintes termos, o sentido desta biografia: “Este livrinho pretende elucidar a fantástica e pura sensibilidade da criatividade da personagem retractada, e, ao mesmo tempo, ser o testemunho directo de uma vivência que me fez vibrar e experienciar um destino essencialmente íntimo e emotivo” (p.12). Acrescenta ainda Manuela, ao referir as qualidades do marido: “Escrevia como se estivesse em contínuo estado de celebração, em graça, com uma incomparável perfeição, sobriedade, – e, realmente muito bem! (p.13). Confessa, assim, o gostoso sabor dos seus poemas de amor e do saber cantar com mestria tão elevado sentimento! Via nele o seu herói.

Depois do casamento, o casal foi viver para Chaves e, aí, Fernão de Magalhães dedicava-se à escrita, ao convívio com outros artistas e privava, em particular com Miguel Torga, de quem se tornou um perseverante investigador, como comprova a obra Ser e Ler Torga. Apesar de uma vida curta, tem publicado cerca de duas dezenas de livros em estilos diferentes: “O Fernão escreveu vários livros de poesia, alguns contos, milhares de Cartas, e um número incontável de ensaios.” (pág.26). Escreveu ainda em jornais e revistas especializadas sobre grandes epígonos da Literatura Portuguesa: Luís de Camões, José Régio, Aquilino Ribeiro, Trindade Coelho, entre outros, sem nunca abandonar o seu “cedro” Miguel Torga. Os estrangeiros também faziam parte desse alfobre: Jacques Prévert, Hemingway, Paul Claudel, SteinbecK e muito mais.

A sua história de Vida remete-nos para uma família simples, transmontana, que sabia dar valor à terra e dela se alimentava. O filho mais novo – o quinto – muito cedo fora estudar para Braga, não com o intuito de seguir uma vida religiosa, mas para se cultivar e educar no meio do rigor da ordem conventual. Aí captou o sabor da vida, no meio da amargura e da tristeza, separado dos pais muito cedo e com responsabilidade a que lhe incumbia dar resposta, sendo um aluno brilhante. Mais tarde, teve alguns ofícios e foi para a guerra do Ultramar; de regresso à Metrópole, licenciou-se em História e dedicou-se ao ensino, em: Murça, Vouzela, Porto, Chaves, Granada e Coreia do Sul. No papel de narrador, a autora relembra: “Granada, na Andaluzia, no Sul de Espanha, em mil novecentos e oitenta e três, foi um verdadeiro e indizível oásis que se abriu ao Casal transmontano” (p.86). O professor só tinha dois alunos interessados em aprender a Língua Portuguesa, mas, no final da sua comissão, excediam as três centenas, o que revelava o esforço e dedicação ao trabalho e ao país que representava, através da sua língua. Em Espanha, teve a oportunidade de admirar as preciosidades artísticas dos mais renomados Pintores: Goya, Velásquez, Murillo, entre outros. O poema Suspiro Del Moro assinala a sua despedida: “É um poema de amor o /poema da nossa despedida é/um poema de dor do/fim de uma aventura acontecida (….) e na quintilha final “que flor na minha ausência/deixará de nascer na primavera e/que pássaro vindo da distância com/ esta mesma ânsia se/mudará em pedra à minha espera”(p.90).

De regresso a Chaves, reunia-se com a plêiade artística, destacando: o Poeta e Escritor Miguel Torga, o Pintor Nadir Afonso, o Poeta António Cabral, o Poeta Cláudio Lima, o Escritor José Saramago, O Escritor Fernando Namora, o Poeta Eugénio de Andrade e muitos outros que pertenciam a este florilégio literário. Depois de quatro anos em Espanha, foi para a Coreia do Sul, Seoul; no tempo dos Jogos Olímpicos, (quando ganhou Rosa Mota,) Fernão Magalhães estava na Faculdade de Letras a ensinar português.

A narradora relembra, a estadia neste lugar asiático: “O deslumbramento foi total! Seoul expandiu-se nas margens do Rio Han há mais de dois mil anos.” (p.121). Refere o ambiente aí vivido e a descoberta dos segredos orientais: “Seoul é uma cidade luminosa, cercada de oito majestosas montanhas deslumbrantes, a noroeste da Península Coreana.” (p.127). Mas o deslumbramento feneceu com a morte de Fernão, como o leitor deste texto já se apercebeu.

Estruturalmente, o livro está em texto corrido, sem marcação de capítulos, conjugando poesia, prosa e imagens que vão acompanhando o crescimento e a vida do Protagonista, não esquecendo os retratos de família, os primeiros passos em criança e a fotografia do casamento. Há também imagens reveladoras do património histórico-cultural e de paisagens, sobretudo transmontanas, verdadeiros testemunhos das raízes telúricas que os apegaram ao lugar. Fernão, em várias imagens, ombreia com o seu ídolo, Poeta Miguel Torga, ambos irmãos pelo sonho poético e literário que nutriam. Crê-se que o texto abaixo retrata essa cumplicidade amistosa (p.78) 

 “no tempo do seminário da Ordem que frequentara, um dia conseguira surripiar dos reservados da biblioteca um livro meu, fora apanhado a lê-lo, e o obrigaram a pedir perdão de joelhos a toda a comunidade reunida, com o volume nefando pendurado ao pescoço. E nunca senti um ser tão perto de mim. Convidei-o para almoçar, e só não peguei nele ao colo. Tinha a impressão de que estava diante da minha própria efígie, depois de penitenciada num auto-de-fé…” (Miguel Torga, Diário XI, págs. 133/134)


Uma biografia que dá gosto ler e que encanta o olhar pelas belas imagens –   constituem uma espécie de fotobiografia pela marcação temporal diacrónica e pela quantidade de retratos exibidos – embalando o leitor num frémito de alegria e compaixão, pelo testemunho de vida /morte e pelo amor/dor dos amantes. 

Desde 1991 que a Câmara Municipal de Chaves, a Câmara Municipal de Murça e a Junta de Freguesia de Jou têm prestado homenagens a Fernão Magalhães Gonçalves com a atribuição do seu nome a Ruas e a um Polidesportivo. 

                                                                                                               Júlia Serra


quarta-feira, 12 de novembro de 2025

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES - Livro JÚBILO DA SEIVA

 


VIII


hoje nada te prometo


neste poema concreto vai

apenas um beijo o

desejo de

contigo correr entre os silvedos

colher amoras contar

com os dedos pelos

grãos de areia os anos a que faltam horas


horas guardadas nestas

conchas dobradas flores das

areias que

tens nas mãos cheias

fechadas


Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

Livro - JÚBILO DA SEIVA, pág. 23



sábado, 1 de novembro de 2025

sexta-feira, 31 de outubro de 2025

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

quinta-feira, 3 de julho de 2025

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

 


V


medo de te perder e medo de te amar medo ao

sol que se põe e ao dia que

amanhece medo ao

teu lugar vazio à ausência pura onde a

tua evidência permanece


Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

Livro - JÚBILO DA SEIVA, página 20



domingo, 29 de junho de 2025

terça-feira, 24 de junho de 2025

segunda-feira, 23 de junho de 2025

Canto o Amor, de Manuela Morais.

 


O São João


É o Santo

da minha devoção,

dedicação,

festa

das minhas festas,

aroma

das sardinhas assadas,

manjerico perfumado,

sandálias cansadas

de tanto bailar,

rodopiar...


Música

em todas as ruas, praças,

alegria, cânticos, folia,

saltar a fogueira,

foguetes,

farturas

para ter força,

caminhar

para casa,

descansar...


Manuela Morais

Canto o Amor, página 31, 2021.



domingo, 8 de junho de 2025

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES



VITA BREVIS


mas no barco do poema segue a viagem

anterior ao

naufrágio quotidiano da memória


Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

Livro JÚBILO DA SEIVA, página 15



sexta-feira, 30 de maio de 2025

UCRÂNIA Gloriosa, de Manuela Morais

 


    Este livrinho, impregnado com os verdadeiros sentimentos do amor e da compaixão, é composto por um pouco mais de três dezenas de poemas, e tem o sincero e o verdadeiro propósito de contribuir para a compreensão da União, no sentido emocional, de duas Pátrias: a Ucrânia e Portugal, dois Países dos extremos opostos da Europa, Leste e Oeste. Os poemas têm os nomes de algumas cidades, mas todo o País está dentro destas páginas escritas com o meu profundo sentir, a minha mágoa e a minha dedicação, - é como se a minha Pátria abraçasse inequivocamente a Pátria Ucrânia.

(...)


KYIV


Se eu fosse

uma estrelinha luminosa no céu

estaria aí a iluminar a capital

da tua Ucrânia Europeia

sem hesitar!

Se eu fosse

uma espiga de trigo

enfeitava esses vastos campos

com papoilas, amor, paz e liberdade

que não se pode comprar...


Sou, apenas, madrugada inesperada,

transformada em triste Primavera,

solidão, desgosto, tristeza,

amargura,

desejo intenso de amenizar

os teus dias sombrios, sem mísseis a cruzar o céu,

correr no campo, dar-te a mão,

abraçar essa imensa Mátria de cúpulas douradas,

respirar com o peito pleno de ar,

unir as nossas Pátrias,

voar de Lisboa a Kyiv com satisfação...


Manuela Morais

UCRÂNIA Gloriosa, págs. 9 / 19



sexta-feira, 23 de maio de 2025

UCRÂNIA Gloriosa, de Manuela Morais, com desenho de ESPIGA Pinto.



. À Ucrânia unida e livre, soberana, independente, democrática e europeia...














sexta-feira, 16 de maio de 2025

BIOGRAFIA . FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES, de MANUELA MORAIS.

 


(...)

O Fernão escreveu vários livros de poesia, alguns contos, milhares de cartas, um número incontável de ensaios. Ler a sua Obra é caminhar na luminosidade, conhecer melhor o seu mundo interior mais privado, decifrar como a beleza da sua poesia brota com limpidez e renovação! O amor brilha sem complexidade, livre e liberto de implicações desencontradas. Usa uma linguagem extraordinária, possui uma identidade que transcende o corpo, as emoções, os pensamentos, os desejos, Cada verso atinge a sua autonomia íntegra. (...)


BIOGRAFIA . FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

Autora . MANUELA MORAIS



segunda-feira, 12 de maio de 2025

CÂMARA MUNICIPAL DE MURÇA - Apresentação do Livro BIOGRAFIA, no passado dia 10 de Maio, sábado, pelas 11 horas.

 


Apresentação do Livro

 

BIOGRAFIA

 

FERNÃO DE

MAGALHÃES

                                       GONÇALVES

 

Por

MANUELA MORAIS


 

quarta-feira, 7 de maio de 2025

BIOGRAFIA . FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES, de Manuela Morais.

 


(...)

Fernão de Magalhães Gonçalves viveu menos de meio século, exactamente, e, apenas, quarenta e cinco anos de idade, mas produziu uma Obra com uma enorme e inegável qualidade. Circundou o globo terrestre, como o seu homónimo, o grande navegador. As suas preocupações existenciais caminhavam para lá do conhecimento das verdadeiras potencialidades de saber encontrar o caminho pessoal aliado à nossa imaginação. Foi, sem dúvida, um destacado Poeta, Professor e Escritor. No ensino destacou-se com um enorme sucesso a divulgar a Língua e a Cultura portuguesas, nas Universidades de Granada, em Espanha, e em Seoul, na Coreia do Sul. É considerado o melhor e o mais profundo estudioso da grandiosa Obra do ilustre, e, também, transmontano Miguel Torga. 

(...)


Biografia. FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES, páginas 21 / 23.

Autora . Manuela Morais



domingo, 4 de maio de 2025

BIOGRAFIA . FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES , de MANUELA MORAIS.



     Biografia é o registo rigoroso e exaustivo da história de uma vida, na perspectiva de quem acompanhou, ao lado, essa vivência em contínua e inequívoca interacção. A realidade deverá ser contada de modo espontâneo, não se pode apagar ou adulterar a memória, distorcer, maquilhar a verdade, enaltecer de forma desmerecida, ou tendenciosa. Não deve ser escrita com a total racionalidade, pois as emoções e os sentimentos são o que de mais puro e humano tem maior evidência na relação das criaturas!

     Fernão de Magalhães Gonçalves amava, em profundidade, os livros, as pessoas e todas as formas da criatividade! Possuía um verdadeiro encanto original. Mostrava-se jovial, natural, e o seu olhar, com a cor da avelã, transmitia uma personalidade sensível e sensual. (...)


Manuela Morais

BIOGRAFIA de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES, pág. 11



segunda-feira, 28 de abril de 2025

Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

 


X


ficou um poema no teu rosto a

mão cheia de amoras amêndoas e

morangos no teu colo dobrado cinco

pétalas de malmequer no chão cinco

dedos da mão cinco

sílabas do poema inacabado


veste a memória de luz os

nossos corpos nus e na

água nocturna do teu nome dilui o

desejo a cor do lume


ficou um poema no teu rosto que

eu não lerei mais não

voltará a roseira do

teu corpo a dar

rosas iguais


Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

Livro - JÚBILO DA SEIVA, pág. 25



domingo, 27 de abril de 2025

Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES



chegaste enfim ao cais deste poema e a

evidência é tamanha como a

alegria que serve de tema à

música dos versos que a acompanha


Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

Livro - Memória Imperfeita, pág. 22


 

sexta-feira, 25 de abril de 2025

terça-feira, 22 de abril de 2025

Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES



NOME DO MEU NOME


Nome do meu nome 

rouca bainha de não sei que grito

puro atrito

dos teus dedos abrindo as minha mãos


não sei se neste vazio de formas e de sons

um pássaro nasceu

ou o tempo roeu

seus ramos e pulmões


breve movimento

de cabelos

parado perfil de seios e joelhos

onde se quebra a luz deste momento.


Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

Livro - ANDAMENTO, página 14

Capa de NADIR AFONSO



sábado, 19 de abril de 2025

sexta-feira, 18 de abril de 2025

SEXTA-FEIRA SANTA, Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES.

 


SEXTA- FEIRA SANTA


As trevas caíram sobre a tarde meu amor

ensopados pelo sangue dos espinhos

os meus olhos procuraram sobre os montes

o perfil parado dos pinhais


dobrada sobre a terra

tu eras a torrente dos nossos serenos dias

estavas como uma rola abatida e eu cuspia ao ar

o vinagre e o fel que tu bebias


secaste as lágrimas no véu que ocultava a vergonha

do meu corpo

seguiste com o olhar o grito

e o eco do meu grito

a terra tremeu debaixo dos teus pés e fixaste

nos meus olhos empedrados

a noite que já mais uniria os nossos gestos.


Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

Livro -ANDAMENTO, página 15

Capa de NADIR AFONSO





terça-feira, 15 de abril de 2025

Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

 

OS DENTES DO LEITE


Quem matou Jesus Cristo? E a terra

abriu-se

redonda e repetida

o véu do templo rasgou-se-me nos olhos e

cá dentro a infância

dividiu-se


quem matou Jesus Cristo? Perguntava o

reitor de mão esticada e

estalada

nas ventas de quem tivesse a fé mal informada


contra mim te escrevo e sobre mim

ao compasso do meu sangue e

à luz da

tua lâmpada de azeite que

me abriu o teu nome e os meus pecados na

letra de cem catecismos rasgados

com os dentes do leite.


Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

Livro - Memória Imperfeita, pág. 75





quarta-feira, 2 de abril de 2025

sábado, 22 de março de 2025

segunda-feira, 17 de março de 2025

domingo, 16 de março de 2025

JORGE LAGE presta homenagem a ESPIGA Pinto (no dia do seu aniversário).

 

Jorge Lage


para mim
Oh! Manuela!
O mérito desse texto sobre os «Ratinhos da Beira», o mérito e paciência de me contar em pormenor foi todo do Espiga. Sofri por ele não o ter visto escrito. Este texto é quase meio livro. Está lá um pouco da «alma» do Espiga e dos muitos «Ratinhos da Beira». É de uma riqueza etnográfica imensa.
Se o quiser memorar só tem que dizer que foi retirado do livro «Maria Castanha Outras Memórias». Já agora, a Maria Castanha simboliza, em primeiro lugar as mulheres do campo/rural, em segundo lugar as mulheres portuguesas e em terceiro lugar as nossas mães, as nossas irmãs e as nossas amigas.
Estou a tentar escrever um sétimo livro sobre a castanha para encerrar e me despedir do tema. Não me conta uma história uma memória de Murça.
O Fernão falava do sincelo dos castanheiros.
Abraço amigo,
Jorge Lage.


quarta-feira, 12 de março de 2025

Importante homenagem do JORGE LAGE a FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

 


JORGE  LAGE

 

Biografia Fernão de Magalhães Gonçalves – A editora «Tartaruga», propriedade de Manuela Morais, vai a caminho de uma centena de livros publicados, cerca de dezena e meia são da sua autoria. É viúva do poeta (escritor) Fernão de Magalhães Gonçalves (FMG) há mais de 40 anos e tem tido um papel incansável e admirável na promoção e publicação da obra do seu falecido marido e ainda tem dado voz a autores desconhecidos. 

A abra, «Biografia Fernão de Magalhães Gonçalves», tem na capa uma fotografia do FMG e na contracapa outra deste com Miguel Torga, seu amigo. Na badana da contracapa, pode ler-se que Manuela Morais, nasceu em Murça e é licenciada em Literatura Comparada e que instituiu o «Prémio Nacional de Poesia – Fernão Magalhães Gonçalves (…) retrata a história de uma personagem incontornável do panorama literário Torguiano (…) A obra do Fernão não é entretenimento das horas livres, parece estar ao espelho, tal a densidade, com uma linguagem original, libertadora e intimista…». Em jeito de nota inicial, a autora poeta: «Amar// é o sentimento grandioso// de iluminação// esperança// de ficar,// poder contar as alegrias// e os sonhos// que não queríamos// deixar// por concretizar!»  Sobre a vida e a obra de FMG, escreve Manuela Morais, viúva do autor biografado no «Prelúdio»: «Escrevia como se estivesse como se estivesse em contínuo estado de celebração, em graça, com uma incomparável perfeição, sobriedade, (…)  Vamos, então, empreender numa espantosa viagem que contou quarente e cinco anos de vida,». A vida de FMG fica balizada pelo nascimento em Freiria, freguesia de Jou, concelho de Murça (1943) e pela morte súbita em Seoul, Coreia do Sul, em 1988. Se formos folheando com atenção o interior do livro ficamos com a ideia que esta obra de Manuela Morais para homenagear, uma vez mais, FMG, se queda entre a biografia e a fotobiografia, com muita fotografia a enriquecer o seu conteúdo interessante. Quem melhor que a Manuela Morais para falar da pessoa que caminhou a seu lado em quase todos os momentos da vida conjugal? Para ilustrar a realidade da vida sobre o que nos espera e que a gadanha atingiu FMG na flor da via, cita a autora, Miguel Torga, no penúltimo Diário XV e no dia do funeral de FMG: «Jou, Murça, 14 de Janeiro de 1988 – É terrível, a morte. Tira o sentido às palavras, aos gestos, às lágrimas, ao silêncio. Deixa a vida sem expressão». Resta dizer que estive duas vezes com o FMG e as palavras foram quase de silêncio, tinha distância com o desconhecido, talvez fruto da sua aureolada amizade com Miguel Torga. Eu próprio o via já como uma pessoa importante, também me cruzei algumas vezes com Miguel Torga e nunca ousei falar-lhe. A Manuela Morais tem sido de uma dedicação extrema, na vida e depois da partida do FMG, pelo que merece um duplo aplauso: como sua mulher, por tanto ter divulgado a sua obra e por mais esta sua, que soube tecer com dedicação e amor. Parabéns, Manuela!  

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES - Livros publicados


FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES publicou os livros:


* SETE MEDITAÇÕES SOBRE MIGUEL TORGA

* MANIFESTO POR UMA LITERATURA LEGÍVEL I

* MANIFESTO POR UMA LITERATURA LEGÍVEL II

* ANDAMENTO

* DE FERNÃO LOPES A MIGUEL TORGA

* MEMÓRIA IMPERFEITA

* NUEVE POEMAS

* JÚBILO DA SEIVA

* MODO DE VIDA

* ASSINALADOS

* ALGUMAS CARTAS

* OBRA POÉTICA / ANTOLOGIA

* SER TORGA

* SER E LER TORGA

* SER E LER MIGUEL TORGA



 

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025