quarta-feira, 3 de novembro de 2021

"Canto o Amor" - texto de Júlia Serra

É através do Amor que Manuela Morais nos relata o tempo passado/presente: "O Amor é, sem dúvida, o "motor" da vivência dos Seres. Amamos os que estão no nosso coração, e tudo o que cabe dentro do nosso olhar, da nossa memória, da nossa emoção e do nosso sentimento". O sujeito lírico, para além de personificar o Amor com intuito de abranger a humanidade em geral, conforme expressa a reiteração do determinante possessivo "nosso", pretende demonstrar como esse sentimento é essencial ao Ser e à Humanidade. Por outro lado, as memórias ligam o "eu" às paisagens, às coisas que o rodeiam e aos amados que partiram, ficando no seio da amada para contemplação.Os dois primeiros capítulos assinalam momentos de felicidade e sentimentos variados, desde: a evocação do nascimento do País "conto mais de nove séculos", Trás-os-Montes com a sua história "escrita nas pedras" com as vinhas, olivais, castanheiros, carvalhos e pinhais, assumindo uma identidade própria, o Meu Marão, com o aroma a alecrim e rosmaninho; o Meu Douro Maravilhoso, com o Sol a brilhar, refletido no Rio, formando o palácio onírico regado por baco, criando um verdadeiro "paraíso celestial" propício aos amantes felizes. Este cenário transmontano, traduzido no poema A Minha Terra Natal, é um tempo de felicidade: "A minha terra natal / gravou, / desencadeou memórias douradas / de tempos sagrados!" Nesse tempo foi gerado um sentimento profundo com raízes metafísicas a partir do olhar. (...) Júlia Serra

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