terça-feira, 2 de novembro de 2021

"Canto o Amor" - texto de Cláudio Lima

Manuela Morais vem dando, com certa regularidade, expressão lírica a vivências e memórias afins que a têm marcado indelevemente no seu percurso existencial. Com efeito, o impulso que leva a Autora a uma recorrente evocação/invocação assenta num passado de mulher amada/amante, que os ventos funestos do destino cruelmente interromperam. A computação desse balanço de infortúnio fá-lo no Prelúdio com que nos apresenta esta obra, a décima na sequência editorial e a quarta em que a palavra amor consta do próprio título. Resulta desta e de outras obras suas, que Manuela Morais é uma mulher que aspira à mais intensa osmose do ato amoroso, da partilha dos afetos mas também dos prazeres, "do ardor do desejo que o tempo apaga". Apaga porque é finito por natureza, sujeito à erosão que o tempo exerce sobre nós, inexoravelmente. Mas é então que o amor se sublima, por via da dor e do sofrimento, elevando-se a níveis de comunhão espiritual, de dádiva recíproca liberta já das pulsões eróticas obsessivas e exacerbadas. Uma espécie de regresso, por ascese, ao estado puro da inocência... Muito bela a ilustração da capa, do grande e saudoso Espiga Pinto. (...) Cláudio Lima

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