quarta-feira, 4 de abril de 2012

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

HIC HOMO JUSTUS ERAT

Entregou seu braço direito à corda dos algozes
e viu as torres do templo através dos cílios estalados

recusou o fel e ofereceu à lança seu lado cheirando
a mulher
suspendeu a cabeça do dia espiral
à sombra dos seus cabelos tilintavam dados e corria o povo

abriu ao trovão sua vazia boca redonda
jazendo ao alto um corvo sacudiu a cabeça para leste

e a noite descendo passava sozinha na cidade
como a inocência dele.

Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Livro - MEMÓRIA IMPERFEITA

2 comentários:

  1. Eloquente e belo este poema, alusivo à época...
    Maravilhoso! Retrata bem a sensibilidade deste grande poeta...

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  2. Adorei a forma como o poema está escrito.
    Parabéns! Escrevo poesia! Me pode visitar...

    Maria Luísa

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