domingo, 8 de janeiro de 2012

JOÃO DE DEUS RODRIGUES

Ao Poeta FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

Todo o homem nasce nu,
E traz com ele, ainda cru,
O fermento que vai levedar
O carácter que vai ter.
Com o qual, para o bem e para o mal,
Ele e a sua circunstância irão fazer,
Inevitavelmente, quaisquer que sejam
As dificuldades a vencer
E os caminhos a percorrer.

Mas o Homem não nasce ferino!
Apenas, por força do destino,
Ele torna-se um ser (im)perfeito,
No meio que o consome, constantemente,
Na busca da perfeição das coisas que na sua mente
Se vão tornando vitais e fazem sentido.
Visando melhorar o mundo dos mortais,
Em constante mutação, no qual está inserido.

E é por isso, que alguns, os predestinados,
Se vão empenhar, determinados,
Na procura de novos horizontes.
Indo ao encontro de criaturas com mentes abertas,
Que se recusaram a ser "Assinalados",
Para se tornarem, com a força do seu carácter,
E a vontade do seu crer, Ensaístas, Pensadores e Poetas.

Ilustres exegetas das palavras, que o saber outorga.
Como nos disse o Poeta Miguel Torga,
Em determinado momento,
Referindo-se ao Poeta de "Júbilo da Seiva",
Da "Memória Imperfeita" e do "Andamento".

Que tão cedo havia de deixar este mundo
Que ele queria livre, fraterno e fecundo.
Quando, para isso, no seu múnus cultural,
Lá longe, distante da terra natal,
Ensinava a língua de Camões a pensar no seu jardim.
Onde havia outras histórias de rosas para cantar,
Em sublimes versos de ouro,
Junto aos socalcos, serpenteados, do rio Douro.

Poema de JOÃO DE DEUS RODRIGUES,
do livro HOMENAGEM AO RIO SABOR
PRÉMIO NACIONAL DE POESIA - 2011
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

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