LARGO DA MADALENA
Secou na praça o fontenário românico
o silêncio da água fechou a noite
num aroma de musco e limo verde.
Apenas se ouve o pânico
de um corvo rouco
poisado na boca aberta
de um santo barroco
do frontão da igreja
escura e deserta.
E o corvo grasna assim seja.
O resto é o ruído da sombra dos muros nus à roda
tece-lhes o tempo o perfil no chão o puro atrito
do eco agudo de um grito
devolvido à nossa boca muda
pelo gosto salgado do granito.
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES - Livro ANDAMENTO
sábado, 13 de fevereiro de 2010
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