sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

DIANA ADAMEK

(. . .) À noite o vento atiça-se, mas não traz frescura, antes pelo contrário, a pele torna-se mais pegajosa e mais dolorosa ao toque. De manhã acordarão nervosos, de sentidos já exaltados, uma folha que caísse e as injúrias rebentariam. Logo a palma da mão agitar-se-á e, quando se colar, num estalido soante, à cara do adversário, os freios da revolta já estarão soltos. Estás a bater-me, canalha?, são muitas as sombras na voz que pergunta, as mesmas na voz que se cala, não porque tema o braço do outro, que já lhe torceu a mão, antes porque realmente não sabe, não compreende por que é que lhe bateu.
Ficarão uma semana na terra de Santa Helena, os homens apenas lhe chamam Helena, gostam mais, lembra-lhes as mulheres que tiveram ou que sonharam ter, e muitas dessas perguntas ficaram sem resposta. Porque é que se distribuem bofetões e murros não se sabe muito bem, tanto menos quanto os nativos, que apareceram de madrugada com os braços cheios de bananas e de fios de conchas, parecem ser pacíficos, até contentes de os ver e, nas suas caras, não se lê preocupação, as sombras que passam pelas suas faces são apenas as provocadas pelo sol (. . .).
Livro VASCO DA GAMA NAVEGA - Autora DIANA ADAMEK
Tradução - TANTY UNGUREANU

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