terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

PEDRO SINDE



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O apelo de Agostinho da Silva é feito para cada um, a cada um convocado para uma missão mais alta que não se pode escudar em desculpas, escondendo-se atrás da fraqueza das instituições, académicas ou estatais. Não se pode esperar do outro que faça por nós aquilo que nós mesmos devemos fazer. Assuma cada um a culpa primordial que o marca, porque o "exemplo dos santos demonstra que a miséria própria pode não perturbar, pelo contrário; mas a miséria alheia perturba sempre, mesmo quando de tal se não tem consciência" (Só Ajustamentos, p. 35).
Todavia, o grande problema do mundo não é, senão secundariamente, o económico, pois o "mal terrível que está roendo tudo e que poderá tornar toda a necessária transformação económica um mal ainda mais grave, se ela não for acompanhada de uma renovação religiosa, é que a vida se tornou inteiramente laica e, por consequência, inteiramente monótona" (Só Ajustamentos, p. 59). (. . .)



SETE SÁBIOS PORTUGUESES

PEDRO SINDE

Capa - ESPIGA

1 comentário:

  1. PASCOAES RENASCENTE - PEDRO SINDE

    Teixeira de Pascoaes é um espírito único; não se deixa apanhar em qualquer rede. É um homem dotado de um especial visionarismo. Nunca se deixou apanhar pela moda; sabia bem que a moda é o que muda, é uma superfície fictícia. Se escrevesse à moda podia ter ganho um prémio Nobel (para o qual chegou, de resto, a ser proposto). Mas o acto de escrever era importante demais para que pudesse sujeitar-se a isso. Pascoaes é um poeta verdadeiro e isto é patente num sinal: contradiz-se. Quem procura a coerência ainda é presa das malhas sociais e das suas fantasias ou, então, de um racionalismo balofo.
    A característica que me parece essencial nele é a de ter aprendido a olhar o mundo permanentemente no estado de espanto, quer dizer, aprendeu a romper os hábitos e com isso ganhou uma liberdade que lhe permitia renascer a cada dia. Pelo contrário, no seu percurso normal, o homem vai ganhando, com o passar dos anos e por imitação, um certo modo de estar. Sente-se seguro na rotina, nos hábitos, Com isto perde e perde-se, pois deixa de olhar para o mundo com frescura, passa, por exemplo, por uma árvore sem reparar nela, sem reparar no milagre de haver árvore.
    O percurso de Pascoaes está intimamente ligado àquilo que lhe parecia ser o destino de Portugal. Para nos situarmos, temos de pensar no Portugal que vivia o início da implementação da República. (...)

    In Sete Sábios Portugueses

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