quinta-feira, 25 de junho de 2015
terça-feira, 23 de junho de 2015
ANTÓNIO CABRAL
(. . .)
À luz de outro mesmo rumor, estará mais perto de mim. Os camponeses que em ti se reflectiam riam-se ao beberem no teu vinho o fogo roubado aos deuses. Cantavam: alto vai o setestrelo, alta vai a lua nova, e ao outro dia lá estáveis todos, cada qual ao pé da sua cova, enquanto os passos indecifráveis do lagarto evoluíam. E eu fui de facto para bem longe, crescendo no meio de cedros ornamentais e livros tão altos como eles. Às vezes sentia vertigens e mandava-tas dentro de um envelope com fios de seda e sede daquela fonte de água translúcida onde o firmamento dormia, apesar de tudo, e continuavas a beber, enviando-ma já convertida em palavras nas cartas que ainda guardo numa gaveta. Agora, como sempre, vejo-te derreado ao peso de tão oblíquo azul e eu é que me sinto o chasco do carrasco dentro desta página que certamente alguém queimará com esteva e rosmaninho na fogueira de S. João, ao menos isso, bem antes de passar um milhão de anos. Obrigado pela tua memória.
Texto de ANTÓNIO CABRAL
Livro A TENTAÇÃO DE SANTO ANTÃO
domingo, 21 de junho de 2015
Pensamento
"Grandes pensamentos falam apenas com as mais
contemplativas mentes, mas grandes acções falam
com toda a humanidade."
Emily P. Bissell
sexta-feira, 19 de junho de 2015
JOÃO PINTO VIEIRA DA COSTA
(. . .)
Tal como as sementes do mundo vegetal se espalham pelo vento, indo germinar noutro local, muitas destas brincadeiras registam-se ao longo de Portugal e noutros espaços do mundo. Destaca-se, no entanto, a matéria vegetal utilizada, de acordo com a vegetação predominante em cada região ou localidade. Como exemplo, a base de apoio da fisga surge construída em giesta, carvalho, castanheiro, freixo e buxo. (. . .)
Texto de JOÃO PINTO VIEIRA DA COSTA
Livro FLORA DE BRINCADEIRAS
quarta-feira, 17 de junho de 2015
ANTÓNIO FORTUNA
(. . .)
O Grande Agostinho da Silva, dizia: faça o artista o que quiser, ninguém lhe dê conselhos, e se lhos derem ria o artista; a sua órbita depende da sua vontade; rume a que céus quiser e seja imprevisível.
A realidade é dura, crua e sem metáforas. Tenho para mim, que a vida do Dr. Daniel não durará mais que uma década de luz solar. A ver vamos. . . (. . .)
Texto de ANTÓNIO FORTUNA
Livro O SÉTINO SENTIDO
segunda-feira, 15 de junho de 2015
MANUELA MORAIS
DOURO
O Douro é ainda o Paraíso mágico que nos maravilha os olhos, fascina a alma e revigora o coração. É a porta de encantamento para uma realidade geográfica incontornável, determinante e envolvente. O Rio Douro serpenteia através das rochas e, dos dois lados em socalcos, erguem-se altas margens de montanhas adornadas de vinhas. Tem uma paisagem excepcional.
Os pequenos vales estão invadidos por oliveiras, amendoeiras e árvores de fruto.
O Douro é, sem dúvida, de uma beleza e grandiosidade únicas. Será, com certeza, o recanto mais sublime da nossa Pátria. Aqui produz-se o célebre e delicioso Vinho do Porto, perpetuando um Património ímpar: de sabor, odor e cor excepcionais. É a mais antiga Região Demarcada do Mundo, com vista panorâmica esplêndida, pela sua imponente situação privilegiada de "tecto de Portugal".
Uma verdadeira viagem no tempo mantém intacta a sacralidade e a ritualidade destas encostas deslumbrantes. (. . .)
Texto de MANUELA MORAIS
Livro A TARTARUGA SONHADORA
Capa e Desenhos ESPIGA PINTO
"A TARTARUGA SONHADORA é um livro maravilhoso"
AFONSO CAUTELA
sábado, 13 de junho de 2015
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Voltaram as flores as anémonas os
jasmins os lilases e as mimosas
substantivas sem memória chegaram as
rosas
a cujo aroma os sentidos contaram a
nossa breve história
chegou o dia perfeito das mãos dadas
dos corpos unidos
das pétalas contadas
de todos os encantamentos prometidos
pelas fadas
era pois de esperar que assim
tu viesses ocupar
nua e perfeita o teu lugar
no jardim
mas voltaram as flores e sobre o Tejo
que nos vales se esconde
irão suas pétalas caindo
sílabas de um nome que se irão unindo
para além do horizonte não sei onde.
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Livro ANDAMENTO
quinta-feira, 11 de junho de 2015
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Ficou um poema no teu rosto a
mão cheia de amoras amêndoas e
morangos no teu colo dobrado cinco
pétalas de malmequer no chão cinco
dedos da mão cinco
sílabas do poema inacabado
veste a memória de luz os
nossos corpos nus e na
água nocturna do teu nome dilui o
desejo a cor do lume
ficou um poema no teu rosto que
eu não lerei mais não
voltará a roseira do
teu corpo a dar
rosas iguais.
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Livro JÚBILO DA SEIVA
terça-feira, 9 de junho de 2015
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
MEMÓRIA DO CORPO
Não há morte na memória do teu corpo
apenas o gesto de mastigar a neve
o cansaço furioso
o bafo cinzento da respiração
gosto do teu corpo
do sal do teu suor
dedos deslizando nos dedos o
gosto da tua saliva
passa o tempo e desfaz-se
derretido na concha da tua boca
mas hoje os teus olhos são barcos ancorados
que não atravessam o rio dos meus versos
e as mãos nas tuas mãos
são só dedos
dispersos.
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Livro - MEMÓRIA IMPERFEITA
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